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RESUMO

  • Gasometria de sangue venoso (GSV) é amplamente utilizada em preferência à gasometria de sangue arterial (GSA) em situações de emergência, de acordo com os resultados de pesquisas publicadas desde 2001.
  • O peso dos dados sugerem que o pH venoso apresenta correlação com o pH arterial e, por isso, é uma alternativa aceitável na prática clínica para a maioria dos pacientes.
  • Entretanto, alguns especialistas não aprovam esse uso e essa estratégia talvez seja inadequada em alguns cenários; por exemplo, não há dados que confirmem que o nível de concordância se mantém nos estados de choque ou distúrbios ácidos-base.
  • Níveis clinicamente aceitáveis de correlação para os parâmetros de gasometria sanguínea continuam insuficientes.

Resumos de Emergência

GASOMETRIA DE SANGUE ARTERIAL PRÓS E CONTRAS

Vantagens

  • Testes padrão ouro para determinar o meio metabólico arterial (pH, PaCO2, HCO3)
  • Pode determinar PaO2

Desvantagens

  • pH, PCO2 (se normocapnia), HCO3 e excesso de base de gasometria de sangue venoso são habitualmente adequados para tomar decisões clínicas
  • SaO2 é frequentemente suficiente para tomar decisões clínicas, a menos que a oximetria de pulso não seja confiável por outras razões (como estados de choque, dificuldade de pega-lá)
  • Doloroso (procedimento deve ser realizado com anestesia local nos pacientes conscientes)
  • Aumento do risco de sangramento e hematoma
  • Risco de pseudoaneurisma e fístula arteriovenosa
  • Infecção
  • Lesão de nervo
  • Isquemia digital
  • Lesões corporais
  • Atraso no cuidado
  • Pode haver a necessidade de exames seriados
  • Amostras venosas podem representar melhor o meio tecidual.

CORRELAÇÃO ENTRE GSV E GSA

pH

  • Boa correlação
  • Diferença média agrupada: + 0.035 pH unidades

pCO2

  • Boa correlação quando normocapnia
  • Ausência de correlação em situações de choque grave
  • 100% de sensibilidade para detecção de hipercapnia arterial nas exacerbações de DPOC usando um ponto de corte de PaCO2 de 45mmHg e testes laboratoriais (McCanny et al, 2012). Isso quer dizer, se PCO2 se encontra normal na GSV, então, hipercapnia está descartada (PaCO2 será normal na GSA). No entanto, esse achado é conflitante com a meta analise de Byrne et al 2014 (ver adiante).
  • Na hipercapnia a correlação se dissocia – valores se correlacionam pobremente com PaCO2 > 45mmHg
  • Diferença média de pCO2 +5.7mmHg (ampla variação no intervalo de confiança de 95% entre diferentes estudos, na ordem de +/- 20mmHg)
  • A meta analise mais recente realizada por Byrne et al, 2014 encontrou que o intervalo de 95% de previsão do viés para a PvCO2 foi -10.7 mmHg a +2.4mmHg. Eles observaram que em alguns casos a PvCO2 foi menor que a PaCO2. A meta-análise tinha uma heterogeneidade considerável entre estudos, o que limita a confiabilidade das suas conclusões.

HCO3

  • Boa correlação
  • Diferença média −1.41 mmol/L (−5.8 a +5.3 mmol/L 95%CI)

Lactato

  • Dissociação nos valores quando acima de 2mmol/L
  • Diferença média 0.08 (-0.27 – 0.42 95%CI)

Excesso de Base

  • Boa correlação
  • Diferença média 0.089 mmol/l (–0.974 a +0.552 95%CI)

PO2

  • Valores de PO2 se comparam pobremente
  • PO2 arterial é tipicamente 36.9 mmHg maior do que a venosa com significante variabilidade (27.2 a 46.6 mmHg com (intervalo de confiança de 95%) (Byrne et al, 2014)

CETOACIDOSE DIABÉTICA

GSV pode ser utilizado em preferência a GSA para guiar a conduta (Ma et al, 2003)

  • GSV apresenta boa associação com GSA
  • Diferença média no pH -0.015 ± 0.006 unidades [95% CI]
  • O pH na GSA muda o manejo em 2,5% dos casos comparado ao pH da GSV

QUANDO A GSA É NECESSÁRIA?

GSA pode ser necessária:

  • determinar com exatidão a PaCO2 em choque grave
  • determinar com exatidão a PaCO2 se hipercapnia ( PaCO2 >45 mmHg)
  • determinar com exatidão lactato arterial se valores >2 mM (raramente necessário)

Em geral, GSA raramente necessitam ser solicitadas, porém se uma linha arterial já foi inserida, as complicações relacionadas ao procedimento são evitadas e ela se torna preferível em relação a GSV.

Texto Original: Life in the Fast Lane

Autor: Chris Nickson, MD

Traduzido por: Natália Führ

Revisado por: Daniel Schubert

Editado por: Henrique Puls, MD

Referências

  • Byrne AL, Bennett M, Chatterji R, Symons R, Pace NL, Thomas PS. Peripheral venous and arterial blood gas analysis in adults: are they comparable? A systematic review and meta-analysis. Respirology. 2014 Jan 3. doi: 10.1111/resp.12225. [Epub ahead of print] PubMed PMID: 24383789. [Free Full Text]
  • Kelly AM. Review article: Can venous blood gas analysis replace arterial in emergency medical care? Emerg Med Australas. 2010 Dec;22(6):493-8. doi: 10.1111/j.1742-6723.2010.01344.x. Review. PubMed PMID: 21143397. [Free Full Text]
  • Kelly AM, McAlpine R, Kyle E. Venous pH can safely replace arterial pH in the initial evaluation of patients in the emergency department. Emerg Med J. 2001 Sep;18(5):340-2. PMID 11559602
  • Koul PA, Khan UH, Wani AA, Eachkoti R, Jan RA, Shah S, Masoodi Z, Qadri SM, Ahmad M, Ahmad A. Comparison and agreement between venous and arterial gas analysis in cardiopulmonary patients in Kashmir valley of the Indian subcontinent. Ann Thorac Med. 2011 Jan;6(1):33-7. PMID 21264169
  • Ma OJ, Rush MD, Godfrey MM, Gaddis G. Arterial blood gas results rarely influence emergency physician management of patients with suspected diabetic ketoacidosis. Acad Emerg Med. 2003 Aug;10(8):836-41. PMID 12896883
  • McCanny P, Bennett K, Staunton P, McMahon G. Venous vs arterial blood gases in the assessment of patients presenting with an exacerbation of chronic obstructive pulmonary disease. Am J Emerg Med. 2012 Jul;30(6):896-900. PMID 21908141
  • Middleton P, Kelly AM, Brown J, Robertson M. Agreement between arterial and central venous values for pH, bicarbonate, base excess, and lactate. Emerg Med J. 2006 Aug;23(8):622-4. PMID16858095